top of page
Foto do escritorPenina Baltrusch

Como Escrever a Cena Perfeita: Dicas e Técnicas Essenciais para Escritores

Se você é escritor ou aspirante a autor, provavelmente já se perguntou como tornar suas cenas mais envolventes e inesquecíveis. A boa notícia é que existem técnicas consagradas que podem te ajudar a estruturar cenas perfeitas, e hoje vamos explorar algumas delas, baseadas no artigo Writing the Perfect Scene de Randy Ingermanson e nos ensinamentos do livro "Techniques of the Selling Writer", de Dwight V. Swain.


Essas dicas são valiosas não apenas para quem está começando, mas também para autores experientes que querem aprimorar suas habilidades de narrativa. E para quem gosta de referências visuais, o filme Rebel Ridge, disponível na Netflix, exemplifica bem como cenas intensas e bem estruturadas mantêm a atenção do público do início ao fim.



Estrutura de Cena: O Básico para Criar Tensão e Envolvimento


Segundo Randy Ingermanson, a "cena perfeita" pode não existir no sentido literal, já que estilo e gosto são subjetivos, mas a estrutura da cena pode ser aperfeiçoada de forma quase científica.


Para isso, Dwight Swain propõe duas estruturas fundamentais: Cenas e Sequências (ou, no termo original, Scenes e Sequels).


Cenas (Scenes)


Uma Cena se baseia em três elementos principais:


  1. Objetivo (Goal): O que o personagem principal deseja alcançar? Esse objetivo deve ser claro e específico, para que o leitor entenda o que está em jogo.

  2. Conflito (Conflict): Os obstáculos que se colocam no caminho do personagem, tornando sua jornada desafiadora.

  3. Desastre (Disaster): Para prender o leitor, é essencial que o personagem não atinja o objetivo facilmente. Algo precisa dar errado, gerando mais tensão e suspense.


Sequências (Sequels)


Após um grande desastre, o personagem precisa lidar com as consequências. Aqui entram as Sequências, que seguem um padrão de três etapas:


  1. Reação (Reaction): O personagem lida emocionalmente com o que aconteceu. Essa parte humaniza a história e permite que o leitor se conecte emocionalmente.

  2. Dilema (Dilemma): Diante do desastre, o personagem precisa tomar uma decisão, geralmente entre duas opções ruins.

  3. Decisão (Decision): A escolha do personagem move a narrativa adiante, dando início a um novo objetivo ou desafio.


Essa alternância entre cenas cheias de tensão e sequências onde o personagem reflete e toma decisões é o que mantém o leitor vidrado na história, sempre curioso para saber o que acontecerá em seguida.


O Filme "Rebel Ridge" e o Poder das Cenas Bem Estruturadas


Se você quer ver um exemplo prático dessas técnicas em ação, recomendo assistir ao filme Rebel Ridge, disponível na Netflix. Ele é um ótimo exemplo de como cenas intensas, com conflitos bem construídos e dilemas poderosos, podem manter o espectador na ponta do sofá. Assim como na escrita, o cinema depende da construção de tensão e resolução para manter o público engajado.


Agora chega de papo: Como Aplicar essas Técnicas na Sua Escrita?


Agora que você conhece a estrutura básica de cenas e sequências, como pode aplicá-las no seu próprio trabalho?


  1. Defina o Objetivo do Seu Personagem: Toda cena precisa de um objetivo claro. O que o seu personagem quer? Isso pode ser algo grande, como salvar o mundo, ou algo mais sutil, como convencer alguém a confiar nele.

  2. Crie Conflitos Reais: O conflito não deve ser fácil de resolver. Quanto mais desafiador for o obstáculo, mais satisfatória será a jornada para o leitor.

  3. Desastres Mantêm o Interesse: Não entregue a vitória de bandeja para o seu personagem. As falhas e derrotas criam suspense e mantêm o leitor virando as páginas.

  4. Reaja e Decida: Após cada revés, mostre como seu personagem reage emocionalmente e como ele toma decisões que vão influenciar a história dali em diante.


Motivação-Reação: Detalhando Pequenos Momentos


Outra dica essencial de Dwight Swain é o uso dos Motivation-Reaction Units (MRUs), ou Unidades de Motivação-Reação. Isso significa alternar entre o que o personagem vê ou sente (motivação) e como ele reage a isso, em termos emocionais e físicos.


Por exemplo:


  • Motivação: "O rugido ecoou pela floresta, fazendo as folhas tremerem."

  • Reação: "O coração de João disparou. Ele instintivamente pegou sua faca, pronto para se defender."


Essa alternância cria uma sensação de realidade e envolvimento, fazendo com que o leitor sinta o que o personagem está vivenciando, aumentando a imersão na história.


Conclusão


Escrever cenas envolventes é uma arte que pode ser aprimorada com técnicas simples, mas poderosas.


Seguir a estrutura de Objetivo, Conflito e Desastre para as cenas, e Reação, Dilema e Decisão para as sequências, pode transformar sua narrativa e prender a atenção dos seus leitores.


Lembre-se, o segredo está em criar uma montanha-russa emocional, cheia de altos e baixos que farão o leitor não querer largar seu livro.


Quer aprofundar ainda mais? Confira o artigo completo de Randy Ingermanson em Advanced Fiction Writing e não deixe de conferir o clássico livro de Dwight Swain, "Techniques of the Selling Writer".


E se quiser ver essas técnicas em ação no cinema, dê uma olhada em Rebel Ridge, na Netflix.


Não se esqueça de conferir meu vídeo sobre o assunto no meu canal no YouTube Ficção em Foco.






Boa escrita e até a próxima!

4 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page